No dia 8 de Julho, completaram-se 11 anos do falecimento de Jayme Caetano Braun. Poeta e payador de característica inigualável, que deixou uma obra iluminada de telurismo, autenticidade, raízes e cosmovisão, ou seja, um canto genuinamente gaúcho com dimensão universal. Jayme, através de seus versos e payadas, iluminou o horizonte do povo gaúcho, e o principal, das novas gerações, dos jovens que buscam nas poesias do payador, a consciência e o lirismo que se encontra escasso no mundo de hoje.
Vejo Jayme Caetano Braun como um guia da cultura gaúcha ou até mesmo de quem busque valores humanos, do amor à vida, à natureza, percebendo este planeta como uma grande pátria de irmãos, comungando a fraternidade e amizade junto ao grande ventre da Terra.
Compôs com Noel Guarany, o canto principal da sonoridade crioula da música e da poesia do Rio Grande do Sul. Juntos, trascenderam fronteiras, reunindo num mesmo disco, temas do folclore uruguaio e argentino, além de suas próprias autorias, e a musicalidade de Los Caminantes; o violonista Bartolomeu Palermo e o acordeonista Raul Barboza, argentinos, que embuídos da mesma essência nativa de Jayme e Noel, participaram da gravação do trabalho fonográfico, que foi o divisor de águas da cultura nativa pampeana, o LP "Payador, Pampa y Guitarra".
Ao escutar o clássico "Payador, Pampa y Guitarra", me descortina um céu azulado, temperatura gelada - coincidentemente estamos atravessado um "friozito" desses - a calmaria histórica do calçamento das ruas, o arvoredo da praça dando compasso ao vento, os ensinamentos e os conselhos de Eron Vaz Mattos e Hipólito Morais, que meu amigo Augusto, filho do Hipólito, e eu ouvíamos desses mestres, num matear atento e curioso da nossa adolescência. E levando a vista "más adelante", o horizonte pampeano que contorna a cidade de Bagé.
Passaram-se 15 anos, transformações profundas ocorreram em nosso sistema de vida, entramos na era da instantaneidade: do consumo, das comunicações, das relações humanas, nos distanciando da essência da vida.
Porém, existe algo, que trago lá de 1995, nos momentos de telurismo, amizade e consciência com os amigos de Bagé, e dos tantos que encontrei tempo a fora, um canto, um mantra pode-se assim dizer, que estanca o imediatismo inventado pelo homem e me reporta à autêntica e legítima consciência do Ser; quando escuto os acordes e os versos eternos de Jayme Caetano e Noel Guarany, quando escuto "Payador, Pampa e Guitarra".
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