domingo, 13 de fevereiro de 2011

Campo, cultura e meio-ambiente


Buenas amigos. Este blog tem o compromisso com a cultura do campo da Pampa Sul-Americana.
A cultura, para ser identificada, necessita de elementos que a fundamentem. Uma região, um espaço, um dialeto, uma forma de organização ou produção, por mais primitiva que seja, e deste conjunto de aspectos, nasce num indivíduo, num conjunto de pessoas, ou no povo, uma maneira de expressão, de relação, de manifestação perante um espaço maior e sociedades distintas. Perceber estes traços, é perceber algum tipo de cultura.
Mas antes das culturas, dos símbolos, dos ritos, das instituições, dos homens, estavam a terra, a natureza, os rios, os campos, os oceanos, a Terra intacta. O transcurso da história da humanidade até os tempos atuais, os avanços, retrocessos, guerras, destruição e vida, equilíbrio e desequilíbrio, resultaram da relação positiva ou negativa, do homem com a natureza. As sociedades, os povos, as aldeias que a preservam e têm consciência da sua vitalidade para o planeta, são mais harmoniosas, justas, equilibradas, e ainda podem se distanciar dos radicalismos políticos, tanto na esquerda quanto na direita. Em suma, a preservação do meio ambiente, com base na educação mental, individual e posteriormente coletiva, gerará uma sociedade mais evoluída quanto à consciência, e ao bem-estar físico e espiritual.
Por tudo isso, recomendo o link acima, Alianza del Pastizal, projeto que tem por objetivo a preservação ambiental do bioma Pampa desde a Argentina (onde se originou o projeto), Uruguai, Brasil e Paraguai, visando uma produção sustentável da pecuária e de outras culturas agrícolas que se adaptem ao bioma, e não o contrário. A coordenação da Alianza del Pastizal no Brasil está a cargo do competente e sério Engº Agronomo Rogério Jaworski, formado pela UFRGS, de relevante trabalho junto à preservação do campo nativo da região da Campanha do Rio Grande do Sul e a busca pela produção pecuária sustentável.

Como de costume, abaixo relacionamos um bom video musical, para matearem enquanto os amigos pensam na importância da preservação dos biomas terrestres, nosso caso o Pampa, e os aspectos que resultam de um ecossistema bem cuidado; além de um adequado e justo desenvolvimento econômico, os aspectos sociais e culturais que configuraram o tipo antropológico do gaucho comum das três pátrias (Uruguai, Argentina e Brasil) e pela Pampa num bioma que atravessa a fronteira destes três países, unindo os povos nessa região, sob um luzeiro identificado pela cultura da terra.
Agradeço o usuário (a) do youtube por ter postado estas belezas da terra sureña. Saludos e um bom mate!

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Atahualpa Yupanqui, guia e luzeiro da Pampa

No dia 31 de Janeiro, os paisanos da América Pampeana, e as pessoas que em qualquer canto do mundo se identificam com o canto folclórico da Pampa, tiveram um lindo motivo para celebrar a cultura da nossa terra. Pois neste dia, no ano de 1908, nasceu em Pergamino, Província de Buenos Aires, Héctor Roberto Chavero Aramburo, que quando assumiu sua carreira mais que artística, de payador, cantador e compositor de sua terra crioula e de toda Pampa, adotou o codinome de Atahualpa Yupanqui. Tendo que "ganhar a vida" desde muito cedo, Atahualpa laborou no campo e na cidade, e quando foi tentar a sorte de cantador e instrumentista em Buenos Aires, Capital Federal, amargou a falta de sensibilidade com que os portenhos à época, recebiam o puro canto da terra. Muitas passagens de sua vida, e a realidade sócio-cultural dos paisanos das várias regiões e províncias "gauchas" da Argentina, estão relatadas e entrelaçadas com sua própria identidade de paisano cantador, compositor e homem da terra, na obra "El Payador Perseguido", poema revestido por milongas, cifras, bagualas, gatos que contam entre melodia e verso, da maneira mais genuína, a vida dos paisanos, do homem campeiro de seu país. Penso que "El Payador Perseguido" de Yupanqui equivale para os gaúchos do século XX, o que foi o Martin Fierro de Jose Hernández para os gaúchos do século XIX.

A sensibilidade terrunha e a ternura melódica da guitarra de "Don Ata", logo transcenderam os ermos e rincões da Pampa, para ganhar definitivamente o coração e o gosto das platéias pelo mundo todo. Todo o Continente Americano, até o México, Europa e incrivelmente o Japão. Neste caso, encontro um nexo; os japoneses assim como Atahualpa, cultuam e respeitam seus ancestrais, percebendo nos valores dos mais velhos e nas lições da terra e seus nativos, os motivos para a evolução do espírito, e quem sabe da humanidade.

Vamos acompanhar abaixo este link do youtube, com o desempenho do mestre Atahualpa Yupanqui para Estilo de Quijano, uma bela pasiagem pampeana ao entardecer e a luz da melodia, complementando a essência e unidade do momento.