Hábitos, a primeira impressão desta palavra pode remeter à situações rotineiras, usuais, cotidianas, sem muita importância, de reproduzir todos os dias, sempre o mesmo. Porém os hábitos podem ser uma novidade em nossas vidas, todos os dias. Podemos incorporar hábitos novos, simples, em várias esferas da nossa vida, que aparentemente não representarão muito, mas se várias pessoas se valerem e adotarem bons hábitos, o mundo passará por inesperadas transformações.
É tanto um quanto utópico este simples exercício de pensamento, e para me ajudar um pouco, recorro à máxima do poeta e pensador francês Victor Hugo, divulgada também por Chico Xavier - "Pensamentos tornam-se palavras, palavras tornam-se ações, ações tornam-se hábitos, e estes nosso destino!"
Mexe com a consciência como se levássemos uma rodada do cavalo que estamos montados, e nos atirasse pealados no capim santo do campo.
Me lembrei dos hábitos porque o 2011 se vai galopando solto no lombo do Agosto, que já está prestes a fazer muda para o Setembro. E se vai ano, "fincado" ligeiro em cancha-reta! Um ano que começou ali, não faz tanto tempo assim, mas se foi criando meio atravessado, desde o deslizamento e as inundações no interior do Rio de Janeiro, das tsunamis e explosões dos reatores das usinas nucleares no Japão, da chuvarada que quase submergiu a área urbana de São Lourenço do Sul aqui no Estado, e da continuidade do descaso e expoliação dos recursos públicos pelos gestores e parlamentares responsáveis pela condução das coisas da República, do povo.
Ainda muitos são, os que continuam olhando a miséria não só material, mas existencial de boa parte da população, como se fosse algo já fadado pelo destino, como se a gestão da pátria pela sociedade que dela faz parte não tivesse qualquer relação com o que enxergamos diriamente nas ruas.
Vejo um país, ou alguns iludidos ou interessados nas divisas particulares que gerará, a realização da Copa do Mundo num país que não consegue tratar decentemente das pessoas que dependem de saúde pública, e atender com eficiência e igualdade a demanda por educação pública, gratuita e de qualidade, que se fazem preementes, devida a exorbitante carga tributária arrecadada para tais fins. Construir estádios, para quê e para quem? Precisamos destinar os recursos materiais e humanos para formar pessoas, cidadãos, para que um dia possam ter a consciência de parar, quem sabe com seus filhos, junto a cabeceira de um rio limpo, num lugar com cheiro puro de terra úmida, e as pessoas possam se reconhecer integrantes deste meio, desta terra, e se reconhecerem. Estaremos resgatando uma dívida com os nossos ancestrais, com a nossa essência e a Terra.
E os hábitos, ficaram esquecidos na poeira que se formou por tanta alusão e estímulo de consumos desnecessários à nossa existência, pois hoje só existimos se tivermos tecnologia de ponta ao nosso alcance? As diversas assinaturas de planos de telefonia, internet - ressalva para esta que é a mais incluidora e democrática das midias - tv´s a cabo, satelite, comidas rápidas, veículos cada vez mais sofisticados e velozes (por que tantos acidentes?), uma indução ao que não estamos preparados mentalmente para absorver, e nunca estaremos, pois a sofisticação que nos conforta artificialmente é a mesma que retira nossa ligação com o nosso Ser, e tudo que se refere naturalmente à vida, à nós e ao Planeta.
Podemos começar cuidando do lixo em nossa casa e escritório, escola, trabalho, cumprimentar e conversar com nossos vizinhos, deixar de ir naquele supermercado famoso ou no hipermercado de luxo, e ir na mercearia do Seu João, apanhar verduras e frutas, comprar carne no açougue, diminuir o impacto econômico que as grande redes praticam sobre o produtor rural, repassando preços abusivos, num processo de alta lucratividade, pagando pouco aos agricultores.
Aos hábitos, me questiono porque os responsáveis pela gestão pública da Capital do Rio Grande do Sul, cidade em que nasci e onde vivo, ou pela governança, termo muito em voga do ponto de vista administrativo que vejo com desconfiança, não repensam a prioridade das políticas públicas - vale para todos os partidos e tendências ideológicas e a sociedade, nós, que os sustentamos eleitoralmente - em potencializar políticas ambientais simples e eficazes, profundas, incentivando a produção holerícola e frutífera na aéra rural de Porto Alegre ao invés de estimular a construção civil de interesse das empreiteiras. Levar a educação e o ensino técnico voltado para o plantio sustentável às comunidades socialmente vulneráveis.
Pelo hábito, falei demais, vou tomar uns mates e seguir peleando neste meu ideal, de terra limpa e vida saudável a todos. Mas antes que o ano se perca a lo largo, reativo os hábitos do mate, do amor à terra e respeito à cultura ancestral, na sabedoria de Don Atahualpa Yupanqui.
Reparem na melodia que começa aos 4m33s do video. Um abraço e muita luz!
De Porto Alegre, Lua Minguante, Agosto 2011
http://www.youtube.com/watch?v=J6VCTo-s00Q
Olha eu aqui meu velho amigo das violas e cordas, sentimentos que se transformam em melodias que seguem ao largo das noites sem lua,.... onde as estrelas num tremular argentino se atrevem a iluminar a alma do homem, e este grato, entoa uma velha canção para as parceiras...
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