A lua em quarto-crescente resplandece no alto do céu ao final da tarde quase veraneira, ainda refrescada pelas brisas da Primavera, onde os jacarandás ofertam flores arroxeadas, que de tão vivas, suas cores abrem caminhos nas retinas quando passa alguma moça de olhos "gateados", vislumbrando a felicidade num encontro de olhares, fugazes, mas também permanentes. A felicidade se expande por todos os ângulos da mirada do homem, que ao mirar a lua em quarto-crescente no momento em que o céu que lhe dá infinita moldura, refaz seu amor cósmico em gradientes de cores, do leve rosado (que me faz lembrar do pêlo do cavalo rosilho), para um tênue azul que vai mansamente avisando que a noite se aproxima.
Nesse momento o homem lembrou do piá, que há mais de vinte anos jogava bola num terreno baldio, com outros da mesma estirpe, gurizada que entardecia e anoitecia na diversão infinda, até que a primeira mãe da vizinhança, largasse o primeiro grito de "venha pra casa guri, tomá banho, que a janta tá quase pronta!".
La pucha que lindo! Não sei porque em certos momentos, em alguns finais de tarde, desses que a Primavera e o Verão romanceiam serenos, o homem recorda o piá, os amigos, e algum amor perdido numa flor de corticeira. E a lua é a culpada, no seu sorriso prateado, cristalino, como a desvendar os segredos e as saudades, abrindo nossa alma, feliz a entonar uma cantiga da terra, de querência, familiares, amigos e amor por esta vida genuína, do piá de fronteira para o homem dos caminhos...
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